Luís Vaz de Camões - Soneto 39 - O Culto Divinal se Celebrava





Luís Vaz de Camões - Soneto 39 - O Culto Divinal se Celebrava


O culto divinal se celebrava

No templo donde toda criatura

Louva o Feitor divino, que a feitura

Com seu sagrado sangue restaurava.


Amor ali, que o tempo me aguardava

Onde a vontade tinha mais segura,

Com uma rara e angélica figura

A vista da razão me salteava.


Eu crendo que o lugar me defendia,

De seu livre costume, não sabendo

Que nenhum confiado lhe fugia,


Deixei-me cativar: mas hoje vendo,

Senhora, que por vosso me queria,

Do tempo que fui livre me arrependo.




 Luís Vaz de Camões - Soneto 39 - O Culto Divinal se Celebrava